O gatilho que origina os conflitos

Os conflitos são inevitáveis, o que pretendemos é aprender a geri-los sem confronto. Note que, quando falamos de conflitos não falamos apenas dos outros, em uma visão mais profunda, é connosco próprios.

Para que isso seja possível é importante ter um ponto de vista que saia do automático, instintivo e comum “olho por olho, dente por dente”.

Deixo-lhe outro ângulo de análise.

Os conflitos têm origem na invasão do espaço vital do indivíduo.

Observe que vital significa necessário, essencial, fundamental, relativo à vida. Espaço Vital é, portanto, o espaço essencial de vida.

O espaço vital tem muitos níveis. Edward Hall em 1963, criou a palavra proxémia, para descrever o espaço pessoal de indivíduos num meio social. Falámos disso em um dos artigos anteriores.

Hoje abordaremos o espaço vital, fora do plano físico, em todas as outras dimensões da nossa existência. É importante essa abrangência para nos deixar preparados para driblar os conflitos.


Constate que, se os níveis de energia (de vida, energia corporal, emocional, mental, etc) estiverem muito baixos, qualquer pequena ocorrência gera um conflito, nem que seja interno – a oposta é verdadeira, quando mais energia e vida, mais disponibilidade teremos para gerir os conflitos.


Imagine-se a ter uma conversa importante, e, de repente, passa uma mota antiga a fazer uma ruído estridente. A reação será de retração de defesa pela invasão sonora da sua vida.

A reação quando alguém lhe buzina no trânsito (especialmente se a buzinadela for longa) é mais forte ainda, porque é direcionada a si.

Por que tantas pessoas reagem de forma tão animalesca no trânsito?

Essa reação instintiva é a forma como reagimos aos conflitos, por proteção, por preservação do nosso espaço vital.

Dimensões e invasões do espaço vital, com exemplos:

  • Corporal, quando alguém nos fala muito próximo, sem que haja intimidade.
  • Auditiva, quando nos falam alto de mais.
  • Visual, quando alguém obstrui a nossa visibilidade em um concerto.
  • Valores, quando alguém desvaloriza algo para que nos é sagrado, como chegar a horas a um compromisso – ou quando a pessoa tem um comportamento fora dos seus valores, entre em conflito consigo mesmo.
  • Ideias, quando alguém defense uma ideia que para nós é absurda.
  • Identidade (imagem projetada), quando sentimos a nossa imagem denegrida, com um comentário pejorativo, por exemplo.
  • Reciprocidade, quando as emoções e os pensamentos não fluem em reciprocidade, seja pela capacidade de raciocínio, seja pela reciprocidade emocional. Imagine alguém com raciocínio muito rápido a falar com alguém de raciocínio muito lento. Alguém que está apaixonado por uma pessoa, que por sua vez lhe é indiferente.
  • Desejos, quando algo que desejamos não pode ser satisfeito.

Estas são algumas das principais dimensões e elas misturam-se fácil e comumente.

Neste exemplos, a tendência é vivenciar o conflito. Nesse ponto entra a capacidade de gerir o conflito para que o confronto seja evitado.

O confronto ocorre sobre a forma de pensamentos e emoções negativas contra si e/ou contra outras pessoas.

Mais para a semana.

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