Como vimos no primeiro artigo, a comunicação produz-se principalmente pelo contexto e muito menos pelas palavras.
Então e no caso das mensagens, dos emails, dos textos, em que a comunicação é apenas com base em palavras escritas? O que ocorre ao contexto da comunicação?
O que ocorre é que o contexto é dado pelo próprio leitor, pelos seus filtros emocionais e paradigmas, o que torna esta comunicação muito sensível em ambientes de possível conflito ou em que os intervenientes têm pouca maturidade ou pouca auto-estima.
Imagine uma conversa via whatsapp entre um filho e o seu pai:
Filho: envia-me dinheiro pf.
Pode ocorrer que o pai leia a frase anterior com “ar” (contexto) prepotente, como se fosse uma exigência. Ao que o pai poderia pensar:
mas quem ele pensa que é, o dinheiro custa a ganhar…ainda a semana passada lhe enviei dinheiro. O pai ao ler a mensagem “ouviu” a voz do filho com uma determinada entoação e até eventualmente com um determinado rosto.
Poderia também ser lida envolta em tristeza, com provável resposta diferente.
Pai: Claro filho, enviei-te. O que aconteceu? O que precisas?
A percepção pode incluir todo um mix de emoções.
Na comunicação escrita os filtros do leitor são extrapolados para o texto. Esses filtros são construídos com base nas emoções do relacionamento, e pelo nível emocional e assertividade do leitor no momento da leitura.
Para comunicações importantes ou com potencial de conflito, o ideal é falar pessoalmente ou mesmo online, mas com voz, tom e movimentos corporais.
E caso não seja possível? Como escrever de forma mais eficiente?
A solução que resta é: no decorrer do texto criar linhas de ideias para tentar que o leitor leia as nossas palavras no contexto que desejamos que ele o faça. O recurso aos emojis, em comunicação informal pode ser muito útil.
E utilizar uma comunicação direta, clara, concisa, assumindo a responsabilidade e com maturidade emocional.
Outra forma, mesmo exemplo.
Filho: Não queria estar a chatear-te mas preciso de mais dinheiro. Podes enviar?
Este caso é pior ainda pois remete para um contexto adverso (chatear-te) e sinaliza falta de responsabilidade pelas ações.
Uma forma melhor.
Filho: Esta semana desorganizei-me com as viagens para a universidade e acabei por gastar mais, porque fui de Uber. Já estive a ver a linha do autocarro 9 que me deixa perto para que não volte a acontecer.
Como gastei demais estou com pouca margem, será que me poderias enviar mais algum dinheiro?
Obrigado por tudo. Desculpa.
Neste último pedido de ajuda, o contexto foi centrado na responsabilização pessoal e maturidade e reflete gratidão.
Obviamente temos de adaptar a linguagem à pessoa para quem escrevemos, criando espontaneidade, porque só assim conseguimos validar os características da comunicação eficiente que são a autenticidade, a cordialidade, a elegância e empatia. Mais sobre isso nas próximas edições.
Eduardo Saldanha
Owner DeRose Method – Lisboa – São Sebastião